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Pela segunda vez


Depois de 42 horas de viagem, novamente estava naquela encantadora cidade chamada Canudos Velho. E não foi nem preciso descer do ônibus para que a emoção de estar lá novamente tomasse conta, pois de longe ouvi alguns fogos sendo disparados anunciando a nossa chegada. Neste momento, meu amigo, foi inevitável segurar as lágrimas que se formaram sem esforço. O coração disparou, a ansiedade tomou conta e nessa bagagem de emoções estava o medo de rever todos aqueles que foram minha família a um ano atrás. Medo de os laços terem se perdido nesses 365 dias longe, medo das novas ‘irmãs’, medo de não corresponder às expectativas. Chegou a hora de descer e lá estavam todas elas, nossas mães, nos esperando com um carinhoso sorriso no rosto; A expectativa aumentou quando eu vi que dentre todos aqueles sorrisos, o da minha mãe não estava lá. Distraí-me ao retirar as malas e inúmeras caixas do ônibus e mesmo conhecendo aquele lugar e estando lá pela segunda vez, eu não me senti em casa. Isso me incomodou durante todos aqueles minutos. Eu sentia que faltava alguma coisa, mas não demorou muito pra eu descobrir o que faltava. Tímida e escondida entre as outras mães lá estava ela, minha mãe. Meio insegura e com sorriso desajeitado fui ao encontro do seu abraço, o corpo relaxou e a mente se tranquilizou, descobri que era daquele abraço que eu precisava pra me sentir em casa. A extensão não te proporciona somente experiência profissional e cultural, a extensão é bem mais que isso, ela cria laços, laços fortes que nem a distância e os anos são capazes de quebrar. Se no próximo ano o seu laço estiver enfraquecido – assim como o meu estava -, experimente dar um abraço e você vai enxergar que, na verdade, aquilo não eram laços, e sim, correntes bem mais fortes do que você imaginava.

Família Canudos
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