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Um longo caminho para a Educação

A população de Canudos Velho - vilarejo do município de Canudos – BA – sofre com a carência de serviços básicos no distrito. A região é uma das poucas que presenciou a Guerra de Canudos (1896 – 1897) e não foi inundada com a construção do açude de Cocorobó, concluída em 1969, o que obrigou a maior parte dos moradores da cidade a se mudarem para outros distritos de Canudos. Esse isolamento faz com que os moradores do vilarejo busquem a maior parte dos serviços em distritos próximos: uma saga que faz parte da rotina dessas pessoas desde o ingresso na escola. Muitos estudantes acabam desistindo da formação escolar devido à necessidade de percorrer um circuito pela cidade. A única escola da comunidade oferece o ensino até a quarta série. Após isso, os alunos precisam ir estudar em Bendegó, há nove quilômetros de distância. O ensino médio pode ser feito em Canudos Novo, que fica há cerca de vinte quilômetros. Lá, os estudantes poderão se formar em pedagogia: o único curso de nível superior oferecido pela UNEB (Universidade Estadual da Bahia). Para ter formação em outra área, o estudante tem a opção de viajar até o município de Euclides da Cunha, há setenta quilômetros de Canudos Velho. Adailson de Santana, 30, é professor da Escola Municipal Alto Alegre há dez anos. Ele conta que a maioria das crianças frequenta a escola, mas nem todos tem interesse pelos estudos. “Muitas crianças perdem a vontade de estudar quando tem que ir até Bendegó. Lá elas começam a querer curtir e, como não tem dinheiro, acabam largando os estudos para trabalhar”, contou. O estudante de pedagogia participante do Projeto Canudos 2012, Gabriele Marchegiani, acredita que falta empenho coletivo na educação dos jovens de Canudos Velho. “Muita gente quer um futuro melhor para as crianças, mas não há confiança. É preciso que a família e a escola façam projetos juntos para gerar uma expectativa positiva, porque esses são os primeiros lugares onde as crianças recebem educação”, declarou. A estudante Francilene Silva Neves, 15, está no ensino médio e pretende ser médica. Seu pai, o senhor José da Silva Neves, 57, é quem a leva para a escola e a incentiva a estudar. “A gente não tem ninguém formado na família e o que eu puder fazer para ela ter uma profissão no futuro eu faço. Quando ela for fazer a formatura, eu até arrumo outro serviço para conseguir pagar para ela”, disse.

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