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O pão de cada dia vem do açude

Apesar das polêmicas que envolveram a construção do açude de Cocorobó, concluída em 1969, o sertanejo de Canudos soube aproveitar a chegada das águas para tirar o seu sustento através da pesca. Madalena Oliveira, 63, é uma das diretoras da colônia de pescadores “Z-45”, um grupo que conta com 230 pescadores do açude. “Já fomos cerca de 300, mas a seca está levando muitos pescadores a arrumar emprego em outros lugares”, disse. A seca que atinge a região de Canudos já baixou o nível da água em cerca de vinte metros. Com isso, o rendimento dos pescadores não vem sendo muito animador. “Antes a gente pegava até trinta quilos em um dia. Agora, quem pega dois quilos é rei”, declarou. O trabalho dos pescadores é dividido em duas jornadas diárias. A primeira começa antes do amanhecer, por volta das cinco horas da manhã, e é interrompida em torno das dez horas para a alimentação e descanso dos pescadores. Após o meio dia, os canudenses voltam ao açude em busca das tilápias, traíras, pescadas e tucunarés, onde trabalham até a hora do sol se pôr. Dona Madalena é pescadora há quarenta anos. Ela diz que não há preconceito dos homens e que existem muitas mulheres trabalhando no açude. “A mulher trabalha até mais que o homem, porque a gente precisa remar, tratar o peixe, emendar as linhas e ainda preparamos tudo quando chegamos em casa”, afirmou. Os peixes que saem do açude de Cocorobó são vendidos na região ou consumidos pelas famílias dos próprios pescadores. Dona Madalena mantém um bar onde vende os peixes que ela própria captura e também os que compra de outros pescadores. “Comprei cinquenta quilos ontem e já acabou tudo. Eu os preparo fritos e cozidos e o pessoal gosta bastante”, disse. O trabalho das colônias de pescadores garante a remuneração e seguro desemprego junto ao Ministério da Pesca e Aquicultura. Para fazer parte da colônia “Z-45”, o pescador precisa pagar uma taxa mensal no valor de R$ 6.

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